Os países onde linguagem neutra enfrenta resistência

Nem chiques, chicx ou chic@s. Essas expressões que poderiam caracterizar gênero neutro para chico ou chica (garoto ou garota, em espanhol) foram proibidas nas escolas de Buenos Aires, capital da Argentina. Os professores não poderão mais usar essas formas, cada vez mais populares, para se comunicar com os alunos.

Por Redação Eixos Notícias em 01/08/2022 às 14:42:41

Nos últimos anos, esse tema tem sido debatido em diversos países. O espanhol não é o único idioma que diferencia claramente masculino e feminino e que viu o surgimento de novas (e controversas) expressões neutras que buscam torná-lo mais inclusivo.

O uso dessa linguagem também é alvo de muitas polêmicas no português. No Brasil, há diversas tentativas de coibir o uso dessas expressões, e o assunto foi parar no Supremo Tribunal Federal (STF). Outro país que também enfrenta debates sobre o tema é a França.

A capital argentina está atualmente em evidência sobre essa discussão porque o governo local emitiu, em junho, uma norma para impedir o uso da chamada "linguagem inclusiva" ou "neutra" na educação inicial, primária e secundária.

Essa decisão em Buenos Aires proíbe o uso das terminações de gênero neutro, como "e", "x" ou "@", nas comunicações institucionais e veta que elas sejam ensinadas como parte do currículo escolar.

E também exige que todo o aprendizado ocorra "de acordo com as regras da língua espanhola".

Ao justificar a decisão, as autoridades de Buenos Aires argumentaram que os alunos obtiveram baixos resultados nas últimas avaliações de leitura e escrita.

"A deformação do uso da linguagem tem um impacto negativo na aprendizagem, especialmente considerando as consequências da pandemia", argumentou o Ministério da Educação de Buenos Aires.

"É muito importante esclarecer bem e simplificar o aprendizado", acrescentou o prefeito de Buenos Aires, Horacio Rodríguez Larreta, após uma onda de críticas à medida.

A resolução em Buenos Aires se "aplica unicamente aos conteúdos ditos pelos docentes nas salas de aula, ao material entregue aos estudantes e aos documentos oficiais das escolas" e ressalta que os alunos podem seguir utilizando a linguagem neutra entre eles.

A medida até reconhece ser importante "romper com as noções sexistas que permitem o uso genérico do masculino (para falar da população em geral) e incorporar uma linguagem mais inclusiva".

Mas assegura que o espanhol "oferece muitas opções para ser inclusiva sem precisar distorcer a língua ou adicionar complexidade à compreensão e fluência da leitura".

Para frisar que há outras opções e que não é necessário converter palavras para o "gênero neutro", o governo local divulgou um "guia prático de recomendações para uma comunicação inclusiva".


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Fonte: Agência Brasil

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