Críticas à Devastação na Amazônia Dominam Diálogos Amazônicos em Belém

Líderes indígenas e sociedade civil pedem revisão do modelo de desenvolvimento e ação concreta para conter desmatamento e violência na região

Por Redação Eixos Notícias em 05/08/2023 às 15:58:36

Na cerimônia de abertura dos Diálogos Amazônicos, realizada em Belém, o modelo de desenvolvimento prevalente na região amazônica foi alvo de fortes críticas. A presidente da Federação dos Povos Indígenas do Pará, Concita Sompre, defendeu enfaticamente que o crescimento do país e da humanidade não pode estar acima da vida. O evento, que tem como objetivo produzir propostas para a Cúpula da Amazônia, nos dias 7 a 9 de agosto, também em Belém, reúne entidades e líderes da sociedade civil.

Durante o encontro, Concita denunciou a violência sofrida pelos povos indígenas, incluindo a ação de grandes mineradoras, do agronegócio e da invasão de territórios para criação de gado. Ela ressaltou a devastação do território indígena por grandes empreendimentos como rodovias, linhas de transmissão de energia e ferrovias, e expressou que o povo indígena, antes dono do espaço, agora se sente invasor.

A revisão do modelo de desenvolvimento foi um dos principais pedidos de Concita, que denunciou o enriquecimento de países estrangeiros com minérios extraídos de terras indígenas, enquanto as comunidades locais sofrem com a fome e a miséria. O cacique Raoni Metuktire, líder indígena reconhecido internacionalmente, também discursou em defesa das terras indígenas ainda não demarcadas e alertou sobre as ameaças das mudanças climáticas para todo o mundo.

Kleber Karipuna, representante da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), enfatizou a necessidade de propostas concretas para enfrentar os desafios enfrentados pela região. Ele defendeu o fim da era do desmatamento e a urgência em evitar um ponto de não retorno para a regeneração da floresta amazônica.

Além dos movimentos sociais brasileiros, o encontro contou com a participação de entidades e organizações de países vizinhos, como Bolívia, Colômbia, Guiana, Peru, Equador, Venezuela e Suriname. A imigrante venezuelana Ana Felicien destacou que o evento em Belém dá visibilidade aos movimentos populares em meio à crise e conjuntura histórica desafiadora na Venezuela.

Outro ponto de destaque na abertura dos Diálogos Amazônicos foi a forte crítica ao Projeto de Lei (PL 490/07), que institui a tese do Marco Temporal no Brasil. Kleber Karipuna argumentou que essa tese não faz sentido, já que os povos indígenas ocupavam essas terras muito antes da promulgação da Constituição de 1988.

O evento em Belém tem o objetivo de promover um diálogo sobre a preservação da Amazônia e propor medidas concretas para enfrentar os desafios socioambientais na região, buscando uma construção coletiva que promova um mundo mais justo e saudável.

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