Comentário de Caetano Barata sobre o documentário "Belov: Uma Vida no Mar"

O documentário "Belov: Uma Vida no Mar", dirigido por Tiago Abubakir, é uma obra que transcende a mera narrativa biográfica para se tornar um hino à resiliência, à coragem e à busca incessante pelo desconhecido. A abertura com a citação de Roald Amundsen — "A vitória aguarda aquele que tem tudo em ordem – ou sorte, como as pessoas costumam dizer..." — estabelece o tom de uma jornada onde a preparação meticulosa e a aceitação do risco são fundamentais. Publicado no Canal OFF e no Globoplay.

Aleixo Belov, nascido na Ucrânia durante a Segunda Guerra Mundial, encontrou no mar não apenas um caminho, mas um destino. Sua história é marcada por cinco voltas ao mundo, três delas em solitário, a bordo de embarcações construídas por ele mesmo, como o icônico veleiro "Três Marias" . Essas viagens não são apenas feitos náuticos; são testemunhos de uma vida dedicada à exploração, à autodisciplina e à superação dos próprios limites.

A direção sensível de Abubakir captura com maestria a essência de Belov — um homem que, ao aceitar a possibilidade da morte, encontrou uma forma única de liberdade. A frase final do documentário, onde Belov afirma que "os homens do mar sobrevivem depois de já terem aceitado a morte; têm um sentimento de satisfação interior que só eles conhecem, vivem com esse sentimento e morrem com ele somente para si", é uma reflexão profunda sobre a existência e o sentido da vida.

Além de seu valor cinematográfico, o documentário tem sido reconhecido internacionalmente, sendo endossado pela UNESCO como parte da Década do Oceano (2021-2030), o que ressalta sua importância na promoção da conscientização sobre os mares e oceanos.

"Belov: Uma Vida no Mar" é, portanto, mais do que uma biografia; é uma ode ao espírito humano indomável, à paixão pelo desconhecido e à beleza de uma vida vivida com propósito e coragem.

Caetano Barata