Existem várias razões pelas quais o envio de bombas cluster pelos Estados Unidos, ou por qualquer país, para a guerra na Ucrânia poderia ser considerado moralmente incorreto. Aqui estão alguns pontos a serem considerados:
1. Civis afetados: As bombas cluster têm um alto potencial de causar danos indiscriminados, mesmo após o fim de um conflito. Elas são projetadas para se espalharem em uma ampla área e muitas vezes não explodem imediatamente. Isso significa que podem representar um perigo significativo para os civis, incluindo crianças, que encontrarem essas munições não detonadas no futuro. O uso de bombas cluster, portanto, pode colocar em risco a vida e a segurança de civis inocentes.
2. Tratados internacionais: Embora os Estados Unidos não sejam signatários da Convenção sobre Munições Cluster, muitos outros países se comprometeram a não usar, produzir, transferir ou estocar essas armas. O uso dessas bombas por qualquer país, especialmente em áreas densamente povoadas, seria contrário ao espírito desses tratados internacionais e à busca de um mundo mais seguro e humanitário.
3. Impacto humanitário: A guerra na Ucrânia já causou sofrimento humano significativo, incluindo a perda de vidas, a destruição de infraestrutura e o deslocamento de pessoas. O uso de bombas cluster só aumentaria esse sofrimento e poderia levar a consequências humanitárias ainda mais graves. A comunidade internacional tem o dever moral de proteger e preservar a vida e o bem-estar das pessoas afetadas pelo conflito, e o uso de bombas cluster não está alinhado com esse objetivo.
4. Alternativas mais humanitárias: Existem outras opções de ação que poderiam ser consideradas mais moralmente aceitáveis do que o uso de bombas cluster. A ajuda humanitária, a diplomacia e o apoio a processos de paz são exemplos de abordagens que podem ajudar a mitigar o sofrimento humano e buscar soluções pacíficas. É importante explorar todas as alternativas possíveis antes de recorrer a armas que possam causar danos indiscriminados.
Essas bombas são projetadas para se fragmentarem em várias submunições menores, que são espalhadas por uma ampla área quando a bomba é detonada. Cada submunição pode funcionar como uma bomba individual, projetada para causar danos significativos a alvos militares e civis.
No entanto, as submunições nem sempre explodem imediatamente, e muitas vezes algumas delas não detonam corretamente, deixando para trás o que é chamado de "restos explosivos de guerra" ou ERW (sigla em inglês). Esses restos podem permanecer ativos no terreno por um longo período de tempo, representando um risco significativo para a população civil, incluindo crianças, agricultores e outros não combatentes.
A presença de ERWs pode resultar em acidentes e lesões graves, já que as pessoas podem inadvertidamente entrar em contato com esses dispositivos explosivos. Isso inclui o período pós-conflito, quando as pessoas estão retornando às suas casas e tentando reconstruir suas vidas.
Devido a esses efeitos prejudiciais, várias nações e organizações internacionais têm trabalhado para proibir o uso, a produção, a transferência e o estoque de bombas cluster. O tratado mais relevante é a Convenção sobre Munições de Fragmentação (Convention on Cluster Munitions), que entrou em vigor em 2010. Até a minha data de conhecimento, setembro de 2021, 120 países haviam aderido à convenção, incluindo muitas das principais potências militares.
No entanto, é importante ressaltar que nem todos os países aderiram a essa convenção e que alguns ainda possuem e utilizam bombas cluster. Esses países incluem, por exemplo, Estados como Estados Unidos, Rússia, China, Israel e outros. A disponibilidade e o uso de bombas cluster podem variar dependendo das políticas e práticas militares de cada nação.