A obra "É fragrante fojado dôtor vossa excelência" de Carla Akotirene expõe práticas criminosas de agentes de segurança pública que forjam flagrantes de tráfico de drogas, especialmente direcionados a pessoas negras. O livro, lançado pela editora Civilização Brasileira, realiza uma crítica feminista e decolonial aos procedimentos jurídicos, destacando a institucionalização do racismo e a perseguição punitivista da população negra.
O evento de lançamento em Salvador está agendado para a próxima quarta-feira (28), na Academia de Letras da Bahia, com a presença da promotora de justiça Livia Vaz e do advogado criminalista Marinho Soares. São Paulo também sediará um evento na Livraria Megafauna em 14 de março.
O livro concentra críticas aos aparelhos jurídicos brasileiros, especialmente às audiências de custódia da Vara de Audiência de Custódia do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Carla Akotirene descreve essas audiências como "cenas colonais", onde atores jurídicos atuam seguindo um ritual preestabelecido, reproduzindo a antiga ordem escravocrata.
De acordo com a autora, as audiências de custódia são decisivas para os alarmantes números de encarceramento da população negra no Brasil. O livro revela que, muitas vezes, as pessoas são mal instruídas sobre seus direitos, resultando em flagrantes forjados e indução de crimes por parte das polícias. A pesquisa de campo de Akotirene, baseada em anos de experiência no sistema penitenciário na Bahia, transforma-se em uma obra que busca conscientizar sobre a urgência de mudanças no sistema judicial.