O governo brasileiro está aumentando a vigilância cibernética para garantir a segurança das comunicações estratégicas em um contexto de crescente exposição internacional. O Centro de Pesquisa e Desenvolvimento para a Segurança das Comunicações (Cepesc), da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), alerta para a importância de proteger as informações do país em meio à revolução digital. O diretor do Cepesc, Paulo Magno, destaca que a ciberespionagem pode permitir que países obtenham informações privilegiadas e atuem por meio de lobby, afetando a posição do Brasil no cenário internacional.
Desde que assumiu a presidência há 7 meses, o presidente Lula já realizou 11 viagens ao exterior, buscando ampliar a influência do Brasil em questões ambientais, comerciais e de segurança, como a mediação na guerra entre Rússia e Ucrânia. Essas atividades aumentam a exposição do país e destacam a importância de proteger as informações estratégicas e infraestruturas críticas, como a usina de Itaipu.
O Cepesc, localizado em uma área de acesso restrito dentro da sede da Abin, é responsável por garantir a segurança das comunicações estratégicas, não apenas nas relações internacionais, mas também nos setores militares e transações bancárias. Recentemente, o centro desempenhou um papel crucial na segurança do sistema eletrônico de votação, colaborando com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para garantir a integridade das informações e assinar eletronicamente os softwares das urnas.
Parte desse trabalho é baseada na criptografia pós-quântica, considerada o estado da arte em termos de proteção de sistemas. O Brasil se destaca como o primeiro país do mundo a utilizar essa tecnologia em larga escala. A expectativa é que essa criptografia seja testada e implementada em outras áreas estratégicas do governo, incluindo a futura rede privativa do governo federal no contexto do 5G.
O aumento nos episódios de tentativas de ataques cibernéticos, tanto em quantidade quanto em complexidade, requer uma abordagem mais abrangente em termos de segurança cibernética. A expansão do uso da inteligência artificial também apresenta desafios adicionais. Embora a tecnologia possa acelerar o desenvolvimento de mecanismos de defesa, também há preocupações sobre os possíveis usos maliciosos dessa ferramenta. A Abin está trabalhando para combater a desinformação, as fake news e campanhas que possam prejudicar setores estratégicos, como a exportação de carne ou processos eleitorais.